Abstract:
Alzheimer's dementia is common nowadays, due to aging of the population, this
disease is characterized by the degeneration of the cells of the central
nervous system in a gradual and irreversible way, with implications for
physical, mental and social culminating in a total loss of autonomy. In this
perspective, in the present work, we seek to make known the influence of risk
factors that may exist at home, as well as the processes of treatment and
prevention.
KEY WORDS: Alzheimer, nervous system, risk factors, elderly
Introdução
A demência de Alzheimer refere-se a
uma síndrome que se manifesta por um declínio adquirido das capacidades
cognitivas. Em geral, encontra-se relacionada com alterações de personalidade
ou de comportamento, com capacidade suficiente para prejudicar os indivíduos na
execução das suas atividades quotidianas.
Esta patologia é considerada uma
doença mental crónica, nessa perspetiva pode ser entendida como uma enfermidade
persistente, por um espaço de tempo geralmente superior a seis meses e não
melhora num reduzido período de tempo. Esta doença por ser de evolução lenta,
vai permanecer ao longo da existência do doente e contribuir para a perda de
diversas competências, sendo estas alterações consideradas irreversíveis e
exequível apenas o seu tratamento e prevenção.
De acordo com estimativas da WHO (2012), entre 2% e 10% de todos os
casos de demência começam antes dos 65 anos de idade. O número de pessoas no mundo que viviam com demência em 2011 era
estimado em 35,6 milhões e estudos epidemiológicos indicam que este número devera
crescer, constituindo
esta patologia um sério problema de saúde pública.
O
aumento da percentagem de pessoas com demência em especial os com a doença de
Alzheimer que abrangem cerca de 60-70% dos casos em todo o mundo, vai criar
grandes encargos para as sociedades contemporâneas, dado esta patologia ser
incapacitante os doentes precisam geralmente de ajuda e cuidados para as
atividades básicas da vida diária, nessa
perspetiva, no presente trabalho vamos procurar dar a conhecer os fatores
etiológicos que poderão estar na origem desta doença neurológica.
A doença
A demência de alzheimer foi descrita
pela primeira vez no início do século pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer em
1906, ao estudar uma doente de 51 anos, Auguste D, que apresentava, um declínio
das suas competências intelectuais.
Esta doente viria a morrer 5 anos depois
da manifestação dos sintomas desta doença. Após a autopsia, este médico
descobriu as três caraterísticas fundamentais para o diagnóstico desta doença
as placas neuríticas, principalmente no hipocampo e córtex cerebral, os
emaranhados neurofibrilares e a morte dos neurónios do cérebro (Small & Cappai,
2006).
Nessa perspetiva, a doença expressa-se pela aquisição
de inúmeros défices cognitivos, sentidos pelo idoso, que levam a diminuição da
memória e das suas competências para a aprendizagem e afetam pelo menos uma das
funções cognitivas do cérebro, tendo como consequência, a afasia (deterioração
da linguagem), apraxia (diminuição da competência para desenvolver movimentos
ordenados e realizar ações voluntárias), agnosia (competência para o
conhecimento através dos órgãos sensoriais) ou perturbações nas competências
executivas da pessoa (planeamento, organização, sequenciação e abstração). As
limitações das funções superiores são acompanhadas de diminuição das
competências funcionais, com a consequente perda de autonomia (DSM-IV-TR, 2002).
Embora o diagnóstico clínico, nos
doentes vivos possa ser apenas presumido, sendo posteriormente apenas confirmado
pelo anátomo-patológico, apos a morte do doente. Em relação ao período de
manifestação da doença podemos considerar o tipo de inicio precoce (idade igual
ou inferior a 65 anos) ou tardio (depois dos 65 anos),
constituindo cerca de 50% dos casos de demência primária (Spar & Rue, 2005).
Esta demência não tem geralmente
origem hereditária, embora possa demorar alguns anos para se expressar, inicia-se
geralmente, por pequenos lapsos de memoria, associados desde o começo a algumas
mudanças de personalidade e desenvolve-se ao longo do tempo, com uma degradação
crescente das suas faculdades psíquicas e da capacidade para ser totalmente
independente.
Nesse sentido, embora a degeneração
das funções superiores e os défices mnésicos sejam as caraterísticas fundamentais
desta patologia, as mudanças de comportamento provocam frequentemente
alterações de humor (melancolia, irritabilidade, ansiedade), agressividade física
ou verbal, atitudes socialmente inadequadas, deambulação, insónias ou
desenvolverem ações alucinatórias ou delirantes (Firmino, 2006).
Os sintomas psicológicos e
comportamentais nesta enfermidade apresentam a sua máxima expressão nos estados
moderados a graves, constituem a causa principal da sobrecarga dos familiares
cuidadores e do internamento dos doentes com esta patologia.
Numa fase inicial, o doente com a
ajuda reduzida de outras pessoas, consegue viver de forma quase independente continua,
a conseguir, comer sozinho, vestir-se, tratar da sua higiene (lavar-se, ir a casa
de banho, a controlar os esfíncteres) e a manter a sua mobilidade. Os problemas
surgem quando é necessário executar as atividades instrumentais de vida diária
como, vestir-se sozinho, gerir dinheiro, utilizar o telefone, deslocar-se de
forma autônoma, entre outras.
Nesta fase, a enfermidade pode não
ser percebida logo, pelos familiares e em geral apenas os doentes notam as ausências
de memória, como esta patologia é de evolução lenta, as pessoas que os rodeiam,
vão se ajustando a esta doença, sem a
identificarem, aceitando estas alterações como próprias da velhice.
Na fase moderada, as dificuldades
vão se acentuado com o passar do tempo, os familiares começam a ficar
preocupados os sintomas da doença são agora evidentes. O idoso já não consegue realizar
sozinho a maioria das atividades básicas quotidianas, a orientação e a capacidade de estar
integrado na realidade de uma maneira coerente e logica diminui, perdem-se facilmente, embora continuem a manter, por vezes um
comportamento socialmente aceitável.
Na fase grave a pessoa já não
consegue controlar os esfíncteres, manifestam-se algumas alterações
comportamentais, enquanto alguns doentes se mantem calmos e sossegados outros
tornam-se ansiosos e agitados, permanecendo totalmente dependentes da ajuda de
outros, para conseguirem sobreviver, a memoria praticamente acaba por
desaparecer, a mobilidade da pessoa, vai sendo cada vez menor, encontrando-se
no período terminal da doença acamados, suscetiveis a problemas respiratórios e
a outras patologias, devido ao estado de debilidade física em que se encontram.
Etiologia e fatores de risco
As pesquisas desenvolvidas sobre esta doença
vão no sentido de que as principais causas da destruição dos neurónios estejam
relacionadas, com o desenvolvimento de uma proteína Percursora de Amiloide, a
APP. As mudanças na estrutura da proteína taú também
estão relacionadas com à morte dos neurónios do cérebro, embora o que provoca
esta mudança ainda não seja bem compreendidos e qual a sua relação com a patologia
β-amiloide (Garrett, 2005).
Embora, os mecanismos que estão envolvidos neste processo, como, a
inflamação e o desenvolvimento de moléculas instáveis designadas de radicais
livres, não estejam totalmente conhecidos, sendo
provável que diversos fatores genéticos, ambientais, socioculturais, possam ser
responsáveis pelo desencadear da doença.
Nesse
âmbito estudos recentes, referem a existência de fatores considerados de risco,
que poderão contribuir para a prevenir ou retardar o seu aparecimento, como
vamos referir a seguir no âmbito do nosso estudo de pesquisa.
A idade e o processo de envelhecimento
O risco de incidência desta
patologia é baixa antes dos 50 anos e pouco habitual no principio da velhice,
no entanto a sua prevalência aumenta de maneira exponencial, a partir dos 65 para os quase 50% entre
os 85 ou mais anos e atinge cerca de 25 milhões, de pessoas em todo o mundo
(Castellani, Rolston & Smith, 2010).
Embora, com o avançar da
idade a probabilidade de contrair esta patologia aumente, não é a idade que
origina a doença, mas os inúmeros problemas e doenças associados ao processo de
envelhecimento. Nesse sentido dado que existe uma tendência, para o crescimento
da população com mais de 60 anos, devido ao aumento da esperança de vida é
provável, que a prevalência desta doença aumenta também nos próximos anos.
O património
genético e a hereditariedade
A
apolipoproteína E (apoE) e uma proteína lípofilica cujo gene é de natureza
polimórfica polimórfica. As três isoformas lípido mais frequentes desta
lipoproteína são a E2, E3 e a E4, diferindo na sua estrutura em apenas 1 a 2
resíduos de aminoácidos.
A
apoE parece estar relacionada com os entrançados neurofibrilhares e os
depósitos de proteína 13-amiloide nas placas senis desta doença. Nessa
perspetiva pesquisas recentes de genética molecular, demonstraram haver uma percentagem
maior do alelo E4 da apoE na manifestação desta demência, esporádica ou
familiar de inicio tardio (Gonçalves, 1995).
Esta provável relação da doença com o alelo E4
do gene da apoE atribui-lhe um papel relevante na patogénese da doença. Os
resultados obtidos revelaram haver uma relação diretamente proporcional, entre
a idade de início desta enfermidade e o número de copias do alelo E4. Os homozigotos
para o alelo E4 viriam a ter doença com início mais precoce.
A educação
Diversos estudos desenvolvidos referem
que esta doença é menos frequente entre os idosos que têm um elevado nível
cultural. Nesse âmbito um trabalho de (Liketsos, et. al. 1999; citado
por Beher & Lemaire, 2012) vai no sentido de confirmar que as pessoas, com
mais habilitações apresentavam geralmente um declínio cognitivo menor, durante
um período de cerca de 10 anos. O que poderá estar associado a causas sociais,
devido ao facto da educação estar geralmente associada, às classes
socioeconómicas mais elevadas, com um estilo de vida mais favorecido e saudável
e potencialmente menos expostos a situações ambientais adversas, os quais as
podem proteger da incidência de doenças do cérebro.
O género
A maioria dos trabalhos de investigação
desenvolvidos sobre esta doença revelaram que a sua prevalência é maior nas
mulheres do que nos homens. Nessa perspetiva um estudo realizado sobre as taxas
de incidência desta patologia em relação ao género refere que sua frequência
foi maior nos homens do que em mulheres antes dos 80 anos e mais elevada em
mulheres a partir dessa idade. A interação significativa entre sexo e idade foi
encontrada. A taxa de risco da doença em mulheres por comparação com dos homens
foi estimada para ser 0,8% aos 75 anos e 1,7% aos 85 anos (Letenneur, et.
al., 1999). No entanto, a maior prevalência desta doença no género
feminino, poderá ser atribuída à longevidade, que geralmente é mais elevada nas
mulheres e por estarem mais suscetíveis a doenças crónicas.
Os
fatores psicológicos e o estilo de vida
Os trabalhos de investigação
desenvolvidos, sobre esta patologia referem que fatores psicológicos na velhice
como (solidão, isolamento social, melancolia), poderão aumentar o risco de
incidência desta doença, enquanto outros (autoestima elevada, extroversão e
integração social) poderão contribuir para a sua diminuição, estando estes
fatores relacionados com o estilo de vida.
Estudos de epidemiologia sobre esta
doença, referem que pessoas com uma vida intensa em termos profissionais,
físicos, sociais, intelectuais e dedicam parte do seu tempo a atividades
recreativas tem menos probabilidades de adquirirem a doença. Nessa linha de
ideias uma pesquisa de Erickson, Weinstein & Lopez (2012) afirma que a
atividade física regular, reduz o risco a prevalência de todas as formas de
demência em (28%) e de desenvolver a
doença de Alzheimer em (45%).
As condições físicas e ambientais
Diversos estudos desenvolvidos, referem
que diversas situações podem estar na origem desta doença, como o excesso de
determinados metais na agua, solventes orgânicos, produtos tóxicos, no entanto,
nenhuma destas hipóteses viria a ser confirmada.
Na pratica, mais provável parece ser a
sua relação com outros processos que originam lesões no sistema nervoso central
e diminuem o número de neurónios saudáveis, os traumatismos cranianos,
infeções, determinadas situações de doença, diabetes, hipertensão, depressão e hábitos
de risco, tabagismo, alcoolismo, poderão estar na origem da manifestação desta
patologia.
Nesse âmbito um estudo de Kessing &
Anderson (2004) refere que a prevalência da demência era para os doentes
depressivos (13%) e nos bipolares (6%).
A prevenção e o tratamento
Atualmente não existe nenhum tratamento
capaz de impedir a progressão da doença, nesse âmbito a intervenção deve ser
multidisciplinar, para conseguirmos prevenir o desencadear da doença, atenuar
os sintomas, evitar a perda de autonomia e preservar as competências cognitivas
do idoso. Nessa perspetiva as atividades, a serem desenvolvidas devem abranger
as seguintes áreas:
Apoio social
Nessa perspetiva, a ajuda
disponibilizada ao idoso deve ser individual, no sentido de podermos avaliar as
suas necessidades e os recursos disponíveis existentes, nesta lógica as áreas
de atuação, devem abranger a manutenção das suas competências funcionais,
higiene pessoal e habitacional, cuidados de saúde, vestir-se e alimentar-se.
Nesse âmbito, a avaliação das atividades
instrumentais da vida diária, vai-nos permitir conhecer a capacidade do doente
para ser autónomo. Nessa linha de raciocínio, a família pode ser considerada
como o melhor auxilio, pelo apoio afetivo, que disponibiliza ao doente e pela
capacidade de transmitir informações sobre a evolução da doença.
Embora, essa ajuda possa provocar alterações
em diversas áreas da vida dos familiares cuidadores, nessa perspetiva seria
necessário um apoio mais abrangente, por parte do estado e da sociedade civil, no
sentido de melhorar o bem estar
individual do doente e das pessoas que
dele cuidam (Pereira & Sampaio, 2011).
Terapia comportamental
As abordagens não medicamentosas, devem ser
utilizadas antes da terapia farmacológica. Nesse sentido, devemos procurar conhecer,
verificar e tratar os causas que podem estar na origem de acidentes vasculares,
hipertensão e diabetes, que poderão contribuir para o aparecimento da doença. A
manutenção da pratica de atividades, como trabalhos manuais, jogar ás cartas,
damas, xadrez, entre outras, podem contribuir para a melhoria das capacidades
cognitivas do idoso. O desenvolvimento de uma alimentação equilibrada e hábitos
de vida saudáveis, a prática de exercícios físicos, nomeadamente caminhadas,
quando o estado de saúde do doente o permite, podem contribuir para a redução
de uma diversidade de alterações comportamentais e
o desenvolvimento de condições propicias
ao relaxamento físico e psíquico, por diminuir a ansiedade, o desânimo, a agitação,
a melancolia e melhorar a sua autoestima.
Terapia farmacológica
A terapia medicamentosa da doença tem
como finalidade alterar os processos patológicos que estão na origem desta
patologia, no sentido de procurar prevenir o seu aparecimento ou evitar a degradação
das funções cognitivas, após a sua manifestação.
O tratamento farmacológico deve atuar
sobre os sintomas da doença, com o objetivo de poder estabelecer ainda que
parcial ou temporariamente as capacidades intelectuais do doente, as
competências funcionais e o seu comportamento, devendo nessa perspetiva
abranger também o tratamento das expressões não-cognitivas da doença, como
depressão, alterações da realidade, agressividade física e verbal, perturbações
do sono e inquietação psicomotora.
Embora, os efeitos dos fármacos se
limitem apenas a atrasar a sua evolução e ao controlo dos sintomas
comportamentais e de alterações da perceção e do pensamento, permitindo ao
paciente, uma melhoria temporária da sua qualidade de vida.
Considerações finais
A saúde é um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade (WHO, 1946; citado por Marinho, 2012), nessa perspetiva as causas
exógenas em que podemos incluir os fatores de risco já referidos anteriormente,
como (meio ambiente, estilo de vida, o contexto sociocultural, entre outros) poderão
contribuir para o aumento ou diminuição da prevalência da demência de
Alzheimer.
Nesse âmbito, seria necessário o
incrementar por parte das autoridades competentes de politicas publicas e
estratégias para a diminuição dos comportamentos de risco associados a esta
patologia, dirigidos às famílias, às comunidades e à sociedade na sua
totalidade, o homem é o resultado de tudo quanto interagiu sobre ele desde a
infância, nesse sentido a redução de hábitos nocivos e o desenvolvimento de um
estilo de vida saudável, poderia contribuir para a diminuição da incidência
desta doença degenerativa neurológica, ainda incurável no nosso tempo.
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Artigo ciêntifico publicado na revista hospitalidade Abril de 2014