domingo, 7 de setembro de 2014

Alienação parental um problema de sociedade

Tribuna Livre
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Sergio Pardal
A designação alienação parental refere-se a uma perturbação comportamental, em que um dos progenitores procura provocar à rejeição da criança em relação ao outro, pelo denegrir da imagem do outro progenitor, no intuito de a levar a afastar-se e a não querer mais a sua companhia, pela mentira, humilhação e desvalorização de um dos pais, estando esta atitude geralmente associada a situações em que um dos membros do casal não quer continuar a relação conjugal, provocando no outro sentimentos de revolta e dificuldade em fazer o luto daquela relação e em lidar com a perda da pessoa amada.
Embora esta conduta não seja exclusiva de um dos progenitores, pode abranger também a família do outro cônjuge, os amigos e as pessoas que com ele se relacionam, no intuito de procurar excluir e isolar ainda mais o outro ex-cônjuge.


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Nessa perspetiva a alienação parental pode não ser necessariamente desenvolvida por um dos progenitores em particular, mas envolver outros familiares, como os tios, os avós, amigos, pessoas próximas, psicólogos, advogados envolvidos na luta do casal pelo poder paternal, no âmbito destas disputas é bastante vulgar que o ex-cônjuge que procura afastar a criança da companhia do outro, procure estar rodeado de outras pessoas com mesma convicção, segundo a qual a criança envolvida no conflito precisa de estar protegida do outro ex-membro do casal, no sentido também de estas ajudarem a denegrir a imagem do conjunge que se pretende alienar.

Nesse âmbito os filhos são utilizadas como instrumento de vingança por parte de um dos progenitores, com graves implicações para o seu desenvolvimento psíquico, social, intelectual, afetivo, emocional e comportamental, por crescerem num ambiente de agressividade, ódio e revolta, tendem a ter um menor desempenho escolar e no futuro a estarem mais suscetiveis à marginalidade, e à toxicodependência.

Este comportamento constitui um problema para a nossa sociedade, devido à crescente autonomia e emancipação da mulher que tem uma vida profissional cada vez mais ativa na nossa comunidade, aos deveres do homem enquanto pai e ao papel por este desempenhado na educação das crianças, à existência de uma percentagem elevada de separações, divórcios litigiosos e de relações difíceis, entre os ex-cônjuges, ou ex-companheiros, aos conflitos pela custódia dos filhos e aos seus direitos como pais de intervirem e participarem no seu desenvolvimento, o que contribui para o agravar das contendas e das rivalidades entre os progenitores.

Estas condições sociais vão favorecer a generalização desta problemática, nesse âmbito seria necessário uma maior atenção dos profissionais ligados aos cuidados e à saúde mental da criança (educadores de infância, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras) e uma justiça com um código penal mais abrangente, no sentido de permitir uma melhor prevenção e criminalização desta conduta muitas vezes negligenciada, ficando os responsáveis totalmente impunes.
5 de Setembro de 2014 | 07:08
Sérgio Pardal*