quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Alcoolismo e exclusão social na velhice

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Sergio Pardal
Podemos entender por o alcoolismo o consumo exagerado, incontrolável e progressivo no tempo de bebidas alcoólicas, as quais vão deteriorar a vida intima da pessoa, o bem estar emocional, as relações interpessoais, familiares e de uma maneira geral toda a sua vida em sociedade.
A principal característica da dependência do álcool é a existência de diversas perturbações exteriorizadas a nível intelectual, fisiológico, comportamental e nos permitem compreender se a pessoa continua a consumir esta substância, apesar das complicações associadas ao seu consumo. Na origem do consumo compulsivo desta substância estão envolvidos diversos fatores, antropológicos, sociais, económicos, genéticos, culturais, ambientais, entre outros.


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Nessa linha de ideias a exclusão social a que os idosos estão sujeitos devido à diminuição dos rendimentos pela reforma, à pobreza, ao isolamento, por problemas físicos e psíquicos, pela ausência de amigos e de pessoas próximas, ao abandono pelos seus familiares, aos preconceitos da nossa sociedade em relação a esta classe etária, às dificuldades em conseguir um acesso pleno a todos os direitos sociais e civis fundamentais para uma existência com qualidade de vida.

Estas condições poderão direta ou indiretamente contribuir para o alcoolismo nesta fase da vida, constituindo o seu consumo um refúgio para as condições de isolamento social e exclusão no qual se encontram pela sua condição de idosos, com todos as dificuldades associadas à velhice, como a solidão e a dor pelas inúmeras perdas sofridas durante toda a sua longa vida, ao sofrimento pela existência de uma doença incurável, à dificuldade de adaptação às mudanças, à angustia sentida por estar numa situação de dependência em relação aos outros.

A ingestão de bebidas alcoólicas permite ao idoso preencher o vazio criado por aqueles problemas para os quais não encontra solução, apesar das doenças incapacidades que estão associadas a utilização desta substancia tóxica, como o aumento das quedas e da ocorrência de fraturas na anca, violência doméstica, suicídios, doenças hepáticas, gastrite, anemia, diabetes, cardiovasculares, acidente vascular cerebral, cancro, aumento da incidência de doenças neurológicas (Alzheimer, Parkinson, Epilepsia) e a uma diminuição em geral das suas competências físicas e psíquicas.

Nesse sentido e por esta faixa etária ser marcada por uma maior vulnerabilidade, a doenças e incapacidades, seria necessário uma melhor informação das nossas comunidades, no sentido de prevenir o alcoolismo e a exclusão social.

Nessa perspetiva esta atitude permite um tratamento mais atempado e eficaz, aos múltiplos distúrbios físicos, psicológicos e sociais, que geralmente se consegue com a terapia médica, a administração de fármacos, a ajuda de um psicoterapeuta, a ocupação dos seus muitos tempos livres com atividades diversas e o apoio dos familiares, que pelo apoio afetivo disponibilizado possibilitam uma recuperação completa do idoso.

*Cidadão
3 de Outubro de 2014 | 11:29
Sérgio Pardal*

Isolamento e solidão entre os idosos

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Sergio Pardal
O isolamento social refere-se a ausência de integração social de grupos ou indivíduos, provocada pelo afastamento em relação à restante comunidade, por dificuldades de relação e pela utilização de normas e valores diferentes dos que são utilizados na sociedade a qual pertencem.
A solidão é uma sensação subjetiva de vazio existencial, que está relacionada com a compreensão individual de cada pessoa, em relação à ausência de redes sociais e pessoas livres com quem compartilhar atividades e práticas que lhe possam proporcionar uma oportunidade de participar na vida social e de desenvolver relações afetivas.

O isolamento e a solidão entre os idosos encontra-se geralmente associada ao declínio das competências biológicas e emocionais próprias desta fase etária, que vão prejudicar a sua capacidade em estabelecer relações interpessoais, a patologias como depressão, ansiedade patológica, demências, artroses, problemas de coluna, entre outros, e a fatores sociais e demográficos, como a saída dos filhos da casa dos pais, a diminuição da receita disponível com a aposentação, a perda de contactos sociais, a vida conjugal, o género, a redução da rede social pela perda de amigos e pessoas próximas, a exclusão social pela pobreza e à imagem preconceituosa que se mantém na nossa sociedade em relação às pessoas idosas.

As características psicológicas e de personalidade também podem influenciar a autoestima da pessoa, a sua maneira de pensar, comunicar, proceder, interpretar a vida e relacionar-se com os outros.

Em geral, os idosos que vivem sós possuem uma visão negativa deles próprios, assim como da sociedade. São reservados e pouco comunicativos, interagem pouco com as outras pessoas, têm dificuldade em desenvolver relações íntimas, isolam-se e têm tendência a viver na solidão. Tendem a ter uma educação limitada, menor riqueza e a estarem mais sujeitos a doenças de coração, pulmonares crónicas, artrite, mobilidade reduzida e depressão.

Deste modo, será necessário que as famílias proporcionem um melhor auxílio à população idosa, como instituição que melhor conhece as necessidades dos seus membros, devendo prestar-lhe o apoio afetivo e instrumental, indispensável ao seu equilíbrio biopsicossocial e à sua ressocialização.

A solidariedade social das redes de suporte informal formadas por amigos, pessoas próximas e conhecidos constitui um aspeto fundamental, pelo apoio emocional e de alguma intimidade que podem prestar, contribuindo para a redução das situações de isolamento e solidão em que grande parte dos idosos se encontra nos nossos dias. A psicoterapia pode contribuir para um melhor ajustamento às mudanças relacionadas com o envelhecimento, à aceitação do estado de dependência em relação aos outros, ao aumento das suas competências para se expressar sobre as suas dificuldades, reduzindo a sensação de intranquilidade e melhorando o autoconceito que têm de si próprio e a autoestima.

Assim, poderá fazer uma melhor utilização dos seus recursos internos, passar a ter comportamentos mais ajustados à realidade e ao quotidiano, a desenvolver objetivos, que sejam possíveis de atingir, a tornar-se mais ativo e adquirir uma forma mais otimista de ver o futuro, a sua própria existência e a estar mais integrado na sua comunidade.

Nesse sentido, seria necessário também um tomar de consciência das pessoas para a problemática do envelhecimento e a formação de grupos de ajuda aos idosos, que vivem em situação de exclusão social.

*Cidadão
17 de Outubro de 2014 | 07:48
Sérgio Pardal*

domingo, 7 de setembro de 2014

Alienação parental um problema de sociedade

Tribuna Livre
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Sergio Pardal
A designação alienação parental refere-se a uma perturbação comportamental, em que um dos progenitores procura provocar à rejeição da criança em relação ao outro, pelo denegrir da imagem do outro progenitor, no intuito de a levar a afastar-se e a não querer mais a sua companhia, pela mentira, humilhação e desvalorização de um dos pais, estando esta atitude geralmente associada a situações em que um dos membros do casal não quer continuar a relação conjugal, provocando no outro sentimentos de revolta e dificuldade em fazer o luto daquela relação e em lidar com a perda da pessoa amada.
Embora esta conduta não seja exclusiva de um dos progenitores, pode abranger também a família do outro cônjuge, os amigos e as pessoas que com ele se relacionam, no intuito de procurar excluir e isolar ainda mais o outro ex-cônjuge.


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Nessa perspetiva a alienação parental pode não ser necessariamente desenvolvida por um dos progenitores em particular, mas envolver outros familiares, como os tios, os avós, amigos, pessoas próximas, psicólogos, advogados envolvidos na luta do casal pelo poder paternal, no âmbito destas disputas é bastante vulgar que o ex-cônjuge que procura afastar a criança da companhia do outro, procure estar rodeado de outras pessoas com mesma convicção, segundo a qual a criança envolvida no conflito precisa de estar protegida do outro ex-membro do casal, no sentido também de estas ajudarem a denegrir a imagem do conjunge que se pretende alienar.

Nesse âmbito os filhos são utilizadas como instrumento de vingança por parte de um dos progenitores, com graves implicações para o seu desenvolvimento psíquico, social, intelectual, afetivo, emocional e comportamental, por crescerem num ambiente de agressividade, ódio e revolta, tendem a ter um menor desempenho escolar e no futuro a estarem mais suscetiveis à marginalidade, e à toxicodependência.

Este comportamento constitui um problema para a nossa sociedade, devido à crescente autonomia e emancipação da mulher que tem uma vida profissional cada vez mais ativa na nossa comunidade, aos deveres do homem enquanto pai e ao papel por este desempenhado na educação das crianças, à existência de uma percentagem elevada de separações, divórcios litigiosos e de relações difíceis, entre os ex-cônjuges, ou ex-companheiros, aos conflitos pela custódia dos filhos e aos seus direitos como pais de intervirem e participarem no seu desenvolvimento, o que contribui para o agravar das contendas e das rivalidades entre os progenitores.

Estas condições sociais vão favorecer a generalização desta problemática, nesse âmbito seria necessário uma maior atenção dos profissionais ligados aos cuidados e à saúde mental da criança (educadores de infância, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras) e uma justiça com um código penal mais abrangente, no sentido de permitir uma melhor prevenção e criminalização desta conduta muitas vezes negligenciada, ficando os responsáveis totalmente impunes.
5 de Setembro de 2014 | 07:08
Sérgio Pardal*

sábado, 9 de agosto de 2014

Os fatores de risco da doença de Alzheimer


 Resumo: A doença de Alzheimer é uma demência comum na atualidade, devido ao envelhecimento da população, esta patologia é caraterizada pela degeneração das células do sistema nervoso central de forma gradual e irreversível, com implicações a nível físico, psíquico e social culminando na perda total de autonomia. Nessa perspetiva no presente trabalho, vamos procurar dar a conhecer a influência dos fatores de risco que poderão estar na sua origem, bem como os processos de tratamento e prevenção.
PALAVRAS CHAVE: Alzheimer, sistema nervoso, fatores de risco, idoso

Abstract: Alzheimer's dementia is common nowadays, due to aging of the population, this disease is characterized by the degeneration of the cells of the central nervous system in a gradual and irreversible way, with implications for physical, mental and social culminating in a total loss of autonomy. In this perspective, in the present work, we seek to make known the influence of risk factors that may exist at home, as well as the processes of treatment and prevention.

KEY WORDS: Alzheimer, nervous system, risk factors, elderly
Introdução
A demência de Alzheimer refere-se a uma síndrome que se manifesta por um declínio adquirido das capacidades cognitivas. Em geral, encontra-se relacionada com alterações de personalidade ou de comportamento, com capacidade suficiente para prejudicar os indivíduos na execução das suas atividades quotidianas.
Esta patologia é considerada uma doença mental crónica, nessa perspetiva pode ser entendida como uma enfermidade persistente, por um espaço de tempo geralmente superior a seis meses e não melhora num reduzido período de tempo. Esta doença por ser de evolução lenta, vai permanecer ao longo da existência do doente e contribuir para a perda de diversas competências, sendo estas alterações consideradas irreversíveis e exequível apenas o seu tratamento e prevenção.
De acordo com estimativas da WHO (2012), entre 2% e 10% de todos os casos de demência começam antes dos 65 anos de idade. O número de pessoas no mundo que viviam com demência em 2011 era estimado em 35,6 milhões e estudos epidemiológicos indicam que este número devera crescer, constituindo esta patologia um sério problema de saúde pública.
O aumento da percentagem de pessoas com demência em especial os com a doença de Alzheimer que abrangem cerca de 60-70% dos casos em todo o mundo, vai criar grandes encargos para as sociedades contemporâneas, dado esta patologia ser incapacitante os doentes precisam geralmente de ajuda e cuidados para as atividades básicas da vida diária, nessa perspetiva, no presente trabalho vamos procurar dar a conhecer os fatores etiológicos que poderão estar na origem desta doença neurológica.
A doença
A demência de alzheimer foi descrita pela primeira vez no início do século pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer em 1906, ao estudar uma doente de 51 anos, Auguste D, que apresentava, um declínio das suas competências intelectuais.
Esta doente viria a morrer 5 anos depois da manifestação dos sintomas desta doença. Após a autopsia, este médico descobriu as três caraterísticas fundamentais para o diagnóstico desta doença as placas neuríticas, principalmente no hipocampo e córtex cerebral, os emaranhados neurofibrilares e a morte dos neurónios do cérebro (Small & Cappai, 2006).
Nessa perspetiva, a doença expressa-se pela aquisição de inúmeros défices cognitivos, sentidos pelo idoso, que levam a diminuição da memória e das suas competências para a aprendizagem e afetam pelo menos uma das funções cognitivas do cérebro, tendo como consequência, a afasia (deterioração da linguagem), apraxia (diminuição da competência para desenvolver movimentos ordenados e realizar ações voluntárias), agnosia (competência para o conhecimento através dos órgãos sensoriais) ou perturbações nas competências executivas da pessoa (planeamento, organização, sequenciação e abstração). As limitações das funções superiores são acompanhadas de diminuição das competências funcionais, com a consequente perda de autonomia (DSM-IV-TR, 2002).
Embora o diagnóstico clínico, nos doentes vivos possa ser apenas presumido, sendo posteriormente apenas confirmado pelo anátomo-patológico, apos a morte do doente. Em relação ao período de manifestação da doença podemos considerar o tipo de inicio precoce (idade igual ou inferior a 65 anos) ou tardio (depois dos 65 anos), constituindo cerca de 50% dos casos de demência primária (Spar & Rue, 2005).

Esta demência não tem geralmente origem hereditária, embora possa demorar alguns anos para se expressar, inicia-se geralmente, por pequenos lapsos de memoria, associados desde o começo a algumas mudanças de personalidade e desenvolve-se ao longo do tempo, com uma degradação crescente das suas faculdades psíquicas e da capacidade para ser totalmente independente.

Nesse sentido, embora a degeneração das funções superiores e os défices mnésicos sejam as caraterísticas fundamentais desta patologia, as mudanças de comportamento provocam frequentemente alterações de humor (melancolia, irritabilidade, ansiedade), agressividade física ou verbal, atitudes socialmente inadequadas, deambulação, insónias ou desenvolverem ações alucinatórias ou delirantes (Firmino, 2006).

Os sintomas psicológicos e comportamentais nesta enfermidade apresentam a sua máxima expressão nos estados moderados a graves, constituem a causa principal da sobrecarga dos familiares cuidadores e do internamento dos doentes com esta patologia.

Numa fase inicial, o doente com a ajuda reduzida de outras pessoas, consegue viver de forma quase independente continua, a conseguir, comer sozinho, vestir-se, tratar da sua higiene (lavar-se, ir a casa de banho, a controlar os esfíncteres) e a manter a sua mobilidade. Os problemas surgem quando é necessário executar as atividades instrumentais de vida diária como, vestir-se sozinho, gerir dinheiro, utilizar o telefone, deslocar-se de forma autônoma, entre outras.

Nesta fase, a enfermidade pode não ser percebida logo, pelos familiares e em geral apenas os doentes notam as ausências de memória, como esta patologia é de evolução lenta, as pessoas que os rodeiam, vão se ajustando a esta doença, sem a identificarem, aceitando estas alterações como próprias da velhice.

Na fase moderada, as dificuldades vão se acentuado com o passar do tempo, os familiares começam a ficar preocupados os sintomas da doença são agora evidentes. O idoso já não consegue realizar sozinho a maioria das atividades básicas quotidianas, a orientação e a capacidade de estar integrado na realidade de uma maneira coerente e logica diminui, perdem-se facilmente, embora continuem a manter, por vezes um comportamento socialmente aceitável.

Na fase grave a pessoa já não consegue controlar os esfíncteres, manifestam-se algumas alterações comportamentais, enquanto alguns doentes se mantem calmos e sossegados outros tornam-se ansiosos e agitados, permanecendo totalmente dependentes da ajuda de outros, para conseguirem sobreviver, a memoria praticamente acaba por desaparecer, a mobilidade da pessoa, vai sendo cada vez menor, encontrando-se no período terminal da doença acamados, suscetiveis a problemas respiratórios e a outras patologias, devido ao estado de debilidade física em que se encontram.
Etiologia e fatores de risco
As pesquisas desenvolvidas sobre esta doença vão no sentido de que as principais causas da destruição dos neurónios estejam relacionadas, com o desenvolvimento de uma proteína Percursora de Amiloide, a APP. As mudanças na estrutura da proteína taú também estão relacionadas com à morte dos neurónios do cérebro, embora o que provoca esta mudança ainda não seja bem compreendidos e qual a sua relação com a patologia β-amiloide (Garrett, 2005).

Embora, os mecanismos que estão envolvidos neste processo, como, a inflamação e o desenvolvimento de moléculas instáveis designadas de radicais livres, não estejam totalmente conhecidos, sendo provável que diversos fatores genéticos, ambientais, socioculturais, possam ser responsáveis pelo desencadear da doença.

Nesse âmbito estudos recentes, referem a existência de fatores considerados de risco, que poderão contribuir para a prevenir ou retardar o seu aparecimento, como vamos referir a seguir no âmbito do nosso estudo de pesquisa.
A idade e o processo de envelhecimento
O risco de incidência desta patologia é baixa antes dos 50 anos e pouco habitual no principio da velhice, no entanto a sua prevalência aumenta de maneira exponencial, a partir dos 65 para os quase 50% entre os 85 ou mais anos e atinge cerca de 25 milhões, de pessoas em todo o mundo (Castellani, Rolston & Smith, 2010).
Embora, com o avançar da idade a probabilidade de contrair esta patologia aumente, não é a idade que origina a doença, mas os inúmeros problemas e doenças associados ao processo de envelhecimento. Nesse sentido dado que existe uma tendência, para o crescimento da população com mais de 60 anos, devido ao aumento da esperança de vida é provável, que a prevalência desta doença aumenta também nos próximos anos.
 O património genético e a hereditariedade
A apolipoproteína E (apoE) e uma proteína lípofilica cujo gene é de natureza polimórfica polimórfica. As três isoformas lípido mais frequentes desta lipoproteína são a E2, E3 e a E4, diferindo na sua estrutura em apenas 1 a 2 resíduos de aminoácidos.

A apoE parece estar relacionada com os entrançados neurofibrilhares e os depósitos de proteína 13-amiloide nas placas senis desta doença. Nessa perspetiva pesquisas recentes de genética molecular, demonstraram haver uma percentagem maior do alelo E4 da apoE na manifestação desta demência, esporádica ou familiar de inicio tardio (Gonçalves, 1995).

 Esta provável relação da doença com o alelo E4 do gene da apoE atribui-lhe um papel relevante na patogénese da doença. Os resultados obtidos revelaram haver uma relação diretamente proporcional, entre a idade de início desta enfermidade e o número de copias do alelo E4. Os homozigotos para o alelo E4 viriam a ter doença com início mais precoce.
A educação
Diversos estudos desenvolvidos referem que esta doença é menos frequente entre os idosos que têm um elevado nível cultural. Nesse âmbito um trabalho de (Liketsos, et. al. 1999; citado por Beher & Lemaire, 2012) vai no sentido de confirmar que as pessoas, com mais habilitações apresentavam geralmente um declínio cognitivo menor, durante um período de cerca de 10 anos. O que poderá estar associado a causas sociais, devido ao facto da educação estar geralmente associada, às classes socioeconómicas mais elevadas, com um estilo de vida mais favorecido e saudável e potencialmente menos expostos a situações ambientais adversas, os quais as podem proteger da incidência de doenças do cérebro.
O género
A maioria dos trabalhos de investigação desenvolvidos sobre esta doença revelaram que a sua prevalência é maior nas mulheres do que nos homens. Nessa perspetiva um estudo realizado sobre as taxas de incidência desta patologia em relação ao género refere que sua frequência foi maior nos homens do que em mulheres antes dos 80 anos e mais elevada em mulheres a partir dessa idade. A interação significativa entre sexo e idade foi encontrada. A taxa de risco da doença em mulheres por comparação com dos homens foi estimada para ser 0,8% aos 75 anos e 1,7% aos 85 anos (Letenneur, et. al., 1999). No entanto, a maior prevalência desta doença no género feminino, poderá ser atribuída à longevidade, que geralmente é mais elevada nas mulheres e por estarem mais suscetíveis a doenças crónicas.
 Os fatores psicológicos e o estilo de vida
Os trabalhos de investigação desenvolvidos, sobre esta patologia referem que fatores psicológicos na velhice como (solidão, isolamento social, melancolia), poderão aumentar o risco de incidência desta doença, enquanto outros (autoestima elevada, extroversão e integração social) poderão contribuir para a sua diminuição, estando estes fatores relacionados com o estilo de vida.
Estudos de epidemiologia sobre esta doença, referem que pessoas com uma vida intensa em termos profissionais, físicos, sociais, intelectuais e dedicam parte do seu tempo a atividades recreativas tem menos probabilidades de adquirirem a doença. Nessa linha de ideias uma pesquisa de Erickson, Weinstein & Lopez (2012) afirma que a atividade física regular, reduz o risco a prevalência de todas as formas de demência em  (28%) e de desenvolver a doença de Alzheimer em (45%).
As condições físicas e ambientais
Diversos estudos desenvolvidos, referem que diversas situações podem estar na origem desta doença, como o excesso de determinados metais na agua, solventes orgânicos, produtos tóxicos, no entanto, nenhuma destas hipóteses viria a ser confirmada.
Na pratica, mais provável parece ser a sua relação com outros processos que originam lesões no sistema nervoso central e diminuem o número de neurónios saudáveis, os traumatismos cranianos, infeções, determinadas situações de doença, diabetes, hipertensão, depressão e hábitos de risco, tabagismo, alcoolismo, poderão estar na origem da manifestação desta patologia.
Nesse âmbito um estudo de Kessing & Anderson (2004) refere que a prevalência da demência era para os doentes depressivos (13%) e nos bipolares (6%).
A prevenção e o tratamento
Atualmente não existe nenhum tratamento capaz de impedir a progressão da doença, nesse âmbito a intervenção deve ser multidisciplinar, para conseguirmos prevenir o desencadear da doença, atenuar os sintomas, evitar a perda de autonomia e preservar as competências cognitivas do idoso. Nessa perspetiva as atividades, a serem desenvolvidas devem abranger as seguintes áreas:
Apoio social
Nessa perspetiva, a ajuda disponibilizada ao idoso deve ser individual, no sentido de podermos avaliar as suas necessidades e os recursos disponíveis existentes, nesta lógica as áreas de atuação, devem abranger a manutenção das suas competências funcionais, higiene pessoal e habitacional, cuidados de saúde, vestir-se e alimentar-se.
Nesse âmbito, a avaliação das atividades instrumentais da vida diária, vai-nos permitir conhecer a capacidade do doente para ser autónomo. Nessa linha de raciocínio, a família pode ser considerada como o melhor auxilio, pelo apoio afetivo, que disponibiliza ao doente e pela capacidade de transmitir informações sobre a evolução da doença.
Embora, essa ajuda possa provocar alterações em diversas áreas da vida dos familiares cuidadores, nessa perspetiva seria necessário um apoio mais abrangente, por parte do estado e da sociedade civil, no sentido de  melhorar o bem estar individual do doente e das  pessoas que dele cuidam (Pereira & Sampaio, 2011).
Terapia comportamental
As abordagens não medicamentosas, devem ser utilizadas antes da terapia farmacológica. Nesse sentido, devemos procurar conhecer, verificar e tratar os causas que podem estar na origem de acidentes vasculares, hipertensão e diabetes, que poderão contribuir para o aparecimento da doença. A manutenção da pratica de atividades, como trabalhos manuais, jogar ás cartas, damas, xadrez, entre outras, podem contribuir para a melhoria das capacidades cognitivas do idoso. O desenvolvimento de uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis, a prática de exercícios físicos, nomeadamente caminhadas, quando o estado de saúde do doente o permite, podem contribuir para a redução de uma diversidade de alterações comportamentais e o desenvolvimento de condições propicias ao relaxamento físico e psíquico, por diminuir a ansiedade, o desânimo, a agitação, a melancolia e melhorar a sua autoestima.
Terapia farmacológica
A terapia medicamentosa da doença tem como finalidade alterar os processos patológicos que estão na origem desta patologia, no sentido de procurar prevenir o seu aparecimento ou evitar a degradação das funções cognitivas, após a sua manifestação.
O tratamento farmacológico deve atuar sobre os sintomas da doença, com o objetivo de poder estabelecer ainda que parcial ou temporariamente as capacidades intelectuais do doente, as competências funcionais e o seu comportamento, devendo nessa perspetiva abranger também o tratamento das expressões não-cognitivas da doença, como depressão, alterações da realidade, agressividade física e verbal, perturbações do sono e inquietação psicomotora.
Embora, os efeitos dos fármacos se limitem apenas a atrasar a sua evolução e ao controlo dos sintomas comportamentais e de alterações da perceção e do pensamento, permitindo ao paciente, uma melhoria temporária da sua qualidade de vida.
Considerações finais
A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (WHO, 1946; citado por Marinho, 2012), nessa perspetiva as causas exógenas em que podemos incluir os fatores de risco já referidos anteriormente, como (meio ambiente, estilo de vida, o contexto sociocultural, entre outros) poderão contribuir para o aumento ou diminuição da prevalência da demência de Alzheimer.
Nesse âmbito, seria necessário o incrementar por parte das autoridades competentes de politicas publicas e estratégias para a diminuição dos comportamentos de risco associados a esta patologia, dirigidos às famílias, às comunidades e à sociedade na sua totalidade, o homem é o resultado de tudo quanto interagiu sobre ele desde a infância, nesse sentido a redução de hábitos nocivos e o desenvolvimento de um estilo de vida saudável, poderia contribuir para a diminuição da incidência desta doença degenerativa neurológica, ainda incurável no nosso tempo.

Bibliografia
Bherer, L & Lemaire, P (2012). Psicologia do envelhecimento: Uma abordagem cognitiva. Lisboa: Instituto Piaget.
Cappai, R., & Small, D., H (2006). Alois Alzheimer and Alzheimer’s disease: a
centennial perspective. Journal of Neurochemistry (99), p.708-710.
Castellani, R., J., Rolston, R., K & Smith M. A (2010). Alzheimer Disease. Journal Disease-a-Month, 56(9), p. 484-546.
DSM-IV-TR (2002). Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais. American Psyquiatric Association, 4ª edição, Lisboa: Climepsi.
Erickson, K., Weinstein, A., M & Lopez, O. L (2012). Physical Activity, Brain Plasticity, and Alzheimer’s Disease. Archives of Medical Research, 43(8), p. 615–621.
Firmino, H (2006). Psicogeriatria. Coimbra: Psiquiatria Clinica.
Garrett, C (2005). Alzheimer. O essencial da Saúde (5), Porto: Quidnovi.
Gonçalves, R., A., M (1995). Aspetos neuroquímicos da Doença de Alzheimer. Acta Médica Portuguesa, (8), p. 567-572.
Kessing, L., V & Andersen, P., K (2004). Does the risk of developing dementia increase with the number of episodes in patients with depressive disorder and in patients with bipolar disorder?. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry,75, p.1662-1666.
Letenneur, L., Gilleron, V., Commenges, Helmer, C., Orgogozo, J., M & Dartigues J., F (1999). Are sex and educational level independent predictors of dementia and Alzheimer’s disease? Incidence data from the PAQUID project. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 66, p. 177-183.

Marinho, R., T (2012). O que é a “Saúde”, Highlights in Acta Médica Portuguesa: What is “Health”. Acta Médica Portuguesa, 25(3), p. 143-143.

Pereira, M., G & Sampaio, D (2011). Trabalho com famílias em psiquiatria geriátrica.

Acta Médica Portuguesa, 24(S4), p. 819-826.
Spar, J., E & Rue A (2005). Guia prático de psiquiatria geriátrica. Lisboa: Climepsi.
WHO (2012). Dementia a public health priority, Alzheimer’s disease international.
Publications of the World Health Organization, Geneva,  p. 2‑4.
 
Artigo ciêntifico publicado na revista hospitalidade Abril de 2014

 

 

domingo, 20 de julho de 2014

A música como actividade terapêutica

Tribuna Livre

A música como atividade terapêutica

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Sergio Pardal
A música é a arte de combinar e alternar sons, silêncios para formar frequências, ritmos, harmonia, melodias, de expressar os sentimentos as emoções humanas, as contrariedades, a alegria, o amor, a angústia, a perceção que temos da vida, do mundo e da realidade que é comum a todos nós.
Nessa perspetiva a participação em atividades como o canto, a dança, tocar instrumentos musicais, ouvir música, participação em grupos corais, pode constituir uma terapia que permite a melhoria das competências físicas, cognitivas, emocionais, sociais e comportamentais de idosos, crianças, adolescentes, reinserção social de ex-reclusos, toxicodependentes, doentes com autismo, Alzheimer, paralisia cerebral, entre outras.


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Esta técnica de intervenção pode ser utilizada em diversos contextos, educacionais, sociais, clínicos e pode ser utilizada para a mudança de comportamentos de indivíduos famílias, grupos e comunidades.

Nesse sentido a musicoterapia constitui um processo terapêutico que tem como finalidade desenvolver a capacidade comunicativa da pessoa, as competências para estabelecer relações interpessoais, a mobilidade, o conhecimento, a expressão oral e escrita, constituindo a musica um estimulo as capacidades sensoriais e motoras que lhes permite superar as limitações impostas pela doença ou por um problema existencial, formarem um autoconceito de si próprias mais positivo, passarem a acreditar nas suas capacidades para se reabilitarem e encontrarem um rumo para a sua existência, não sendo necessário para a prática deste processo terapêutico, o doente possuir qualquer conhecimento na área da música.

Estes programas de atividades terapêuticas são geralmente organizadas por técnicos de saúde ou ligados à área da música (fisioterapeutas, professores de dança, música, terapeutas da fala, psicólogos clínicos, psiquiatras entre outros.), com uma especialização em musicoterapia, que vão planificar as atividades a serem realizadas e orientarem a intervenção a ser desenvolvida consoante o estado de saúde da pessoa, encontrando-se geralmente integrados numa equipa multidisciplinar, que lhes permite ter uma perspetiva mais abrangente da realidade sobre a qual pretende intervir.

A prática das ações a serem desenvolvidas devem ser determinadas pelo terapeuta e adequadas ao problema que se pretende tratar, prevenir ou curar constituindo esta terapia um processo de tratamento clinico com composições adequadas às dificuldades apresentadas pelos pacientes, atendendo sempre ao contexto psicossocial, cultural, politico, comunitário, no qual as pessoas estão inseridas.

Nessa linha de raciocínio, esta técnica terapêutica deveria ser mais utilizada no nosso país, pela sua aplicabilidade em diversos contextos, problemáticas e ser mais estudada nas nossas faculdades, por constituir uma prática relativamente fácil de intervenção, com resultados bastante significativos nos países onde é mais divulgada constituindo uma área cientifica de excelência.
26 de Junho de 2014 | 07:08
Sérgio Pardal*
 

sábado, 12 de abril de 2014

Autonomia e qualidade de vida na velhice

Autonomia e qualidade de vida na velhice

Sérgio Pardal
Assistente Social e Mestre em Relação de Ajuda e Intervenção Terapêutica

A noção de autonomia refere-se à competência que as pessoas, têm para tomarem as decisões por si próprias e de determinarem quais as normas e procedimentos mais adequados para si independentemente da vontade dos outros e está relacionada com a de qualidade de vida por ambas estarem associadas à saúde mental do idoso.

Neste contexto, este conceito é o critério utilizado para aferir as condições em que vivem todos osidosos e está relacionado com as condições materiais como a habitação o saneamento básico, o estado de saúde, o contexto económico, a educação, os factores sociodemográficos (idade, estado civil, género, etnia, entre outros) e sociais (as relações interpessoais com a família, amigos, vizinhos). Todos estes factores poderão contribuir para influenciar a maneira como os idosos interpretam a vida e se relacionam com os outros e com eles próprios, constituindo o que se chama “o bem-estar psicológico”.

Este conceito procura definir a percepção avaliativa que o idoso tem da sua própria existência, através da sua satisfação com a vida (valorização cognitiva) e da afectividade (atitudes manifestadas em relação a essa mesma avaliação), onde pode ser bastante influenciado por factores ambientais, socioculturais e pelo seu estado de saúde (mental e físico), constituindo um aspeto subjetivo que poderá influenciar oequilíbrio interno do organismo e a sua felicidade.

Nessa perspectiva o processo de envelhecimento é marcado por alterações de natureza biológica, provocadas pela degradação gradual das competências de ajustamento da sua anatomia física, onde se assiste posteriormente a um aumento progressivo da vulnerabilidade do corpo à doença e à incapacidade, psíquicas relacionadas com as capacidades psicológicas que os indivíduos podem dispor para se adaptarem às mudanças no meio ambiente físico e social. 

Estas competências abrangem, entre outras áreas ligadas à saúde mental, as funções cognitivas, a afectividade, a autonomia, as aptidões para a aprendizagem e a memória, entre outras competências ligadas à estabilidade emocional. As sociais compreendem o processo de modificação de funções, preceitos sociais e costumes, em conformidade com a sociedade e a cultura na qual está inserido, em relação às expectativas e comportamentos geralmente esperados para os idosos.

Envelhecer constitui um processo natural da vida e acontece gradualmente ao longo do tempo. As alterações associadas à idade manifestam-se de maneira diferente em cada pessoa, em idades mais jovens ou mais avançadas. Enquanto algumas pessoas envelhecem quase sem perdas de competências, outras sofrem de enfermidades e incapacidades ou estão dependentes de terceiros para quase todas as actividades vitais.

O envelhecimento não se restringe a uma transformação exclusivamente biológica, pois as condições socioeconómicas, a vida pessoal, o estilo de vida, as habilitações académicas, a actividade profissional exercida, a alimentação, os hábitos de risco como o consumo de álcool, tabaco, drogas, poderão contribuir para atrasar ou adiantar a sua acção nesse sentido, pelo que podemos considerar dois tipos de envelhecimento: O normal e o patológico. 

O considerado normal não é uma doença, mas uma sucessão de alterações biológicas que acontecem sem estarem associadas a uma patologia. Embora possam existir alterações no organismo das pessoas, estas continuam a ser competentes a nível físico e mental, sendo capazes de viver de maneira autónoma e independente. 

O envelhecimento patológico refere-se às alterações provocadas pelas doenças associadas a um determinado grupo etário e que são independentes das transformações consideradas normais. Estão relacionadas com o declínio característico das funções provocadas pelo processo de senescência normal, podendo contribuir para a diminuição da capacidade funcional e causar um aumento da necessidade de cuidados de saúde e do apoio de outras pessoas para a realização das suas atividades diárias e na origem de diversas como, a Osteoporose, a Artrite Reumatoide, a Hipertensão, a Diabetes, a doença de Alzeimer e a de Parkinson entre outras. 

Nesse sentido na velhice a autonomia e a qualidade de vida do idoso, está comprometida pela existência destas incapacidades resultantes de deficiências provocadas pelo envelhecimento biológico ou psicológico. 

Nessa linha de pensamento seria necessário, uma maior sensibilização da sociedade civil e dos governos dos estados para o implementar de políticas direccionadas para a melhoria das estruturas de apoio à população idosa, pois a maior incidência de situações de doença, incapacidade e dependência provocadas pelo envelhecimento deve-se à existência de situações sociais adversas (solidão, abandono, pobreza, exclusão social, maus tratos, negligência, dependência de familiares ou da ajuda das instituições de solidariedade social, entre outras), tão comuns na nossa sociedade. A adoção de um estilo de vida saudável e os comportamentos a ela associados ocorrem num sistema complexo de relações a vários níveis: individual, comunitário, ecológico e das organizações. 

Nesse âmbito e por a população idosa ser bastante heterogénea em relação ao seu estado de saúde, seriam necessárias mais campanhas de promoção da saúde, orientadas por equipas de profissionais das mais diversas áreas (Assistentes Sociais, Psicólogos, enfermeiros, que pudessem estimular a população idosa para hábitos e formas de viver mais saudáveis e ecológicas.

A mudança para um estilo de vida ativo adequado às competências físicas e psíquicas do idoso, como a prática de atividades em grupo, de animação sociocultural, jogos, pintura, leitura ou escrita, poderão constituir um estímulo à capacidade cognitiva do idoso, de forma a diminuir a incidência de doenças, recuperar a sua dignidade e a oportunidade de poder continuar a sentir-se útil, melhorar a sua qualidade de vida e a forma como perceciona a sua existência, constituindo um ganho para todos nós, pela possibilidade de termos pessoas autónomas durante mais anos, que podem dar o seu contributo à sociedade.

A Doença dos dois humores

Tribuna Livre

A doença dos dois humores

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Sergio Pardal
A doença bipolar também conhecida por psicose maníaco-depressiva é uma patologia caraterizada por alterações de humor extremas que vão da euforia à tristeza e prejudicam com gravidade a pessoa em diversas áreas da sua vida pessoal, familiar, social, entre outras.
A etiologia desta enfermidade ainda não é bem conhecida, diversos fatores, genéticos, biológicos, sociais e psíquicos como a personalidade e situações de stress poderão contribuir para o desencadear da doença.


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Esta patologia manifesta-se geralmente entre a adolescência e o começo da idade adulta, embora possa aparecer também na infância, sendo rara a sua ocorrência apos os 50 anos. 

Esta psicose alterna geralmente entre uma fase de humor baixo (depressão) e outra de humor elevado (mania), expressa através do aumento daautoimagem que a pessoa tem de si própria, pelo desenvolvimento de sentimentos irreais de superioridade e grandeza, pela diminuição do período necessário de sono, sensação subjetiva de que as ideias ocorrem de formamais rápida. 

A pessoa fala em excesso e ininterruptamente, não se consegue expressar de forma conveniente, distrai-se facilmente tem dificuldades em estar concentrada, resultando em inúmeros trabalhos inacabados, sensação de inquietação em geral, provocando um acréscimo no seu interesse pela prática de diversas atividades, incapacidade de se autocontrolar, desinibição sexual, gastos elevados, compras exageradas, irritabilidade e nervosismo.

A fase de depressão é sentida pelo doente por uma melancolia profunda, com perda de interesse para desenvolver as atividades quotidianas, sentimentos de inutilidade e culpa exagerada, problemas de concentração, problemas de concentração e diminuição da capacidade para pensar, sensação de fadiga excessiva, perda de energia, alterações do sono,dificuldades para dormir ou sono excessivo, agitação ou lentidão da atividade intelectual e motora, diminuição ou aumento rápido de peso, pensamentos continuados de morte ou suicídio.

Na atualidade não existe nenhum tratamento capaz de curar a doença, nesse âmbito a intervenção deve ser no sentido de procurar estabilizar as alterações de humor, que se consegue geralmente com tratamento médico e a administração de fármacos, a adopção de um estilo de vida saudável como a prática de atividades físicas regulares, a manutenção de uma alimentação equilibrada, o abandono do consumo de substâncias psicoactivas (álcool, tabaco, cafeína, drogas entre outras). 

A psicoterapia também pode constituir um apoio importante para arecuperação emocional do doente, por lhe dar a possibilidade de aprender a conviver melhor com a doença e gerir de forma racional os pensamentos, as atitudes e os sentimentos associados a esta patologia e à sua família por vivenciarem diretamente os problemas sentidos pelo doente e pela capacidade de transmitir informações sobre o evoluir da doença, a melhor maneira de tratar do doente e da importância do tratamento para o bem estar psicológico do doente.

*Cidadão
15 de Fevereiro de 2014 | 08:08
Sérgio Pardal*