quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Isolamento e solidão entre os idosos

Tribuna Livre
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Sergio Pardal
O isolamento social refere-se a ausência de integração social de grupos ou indivíduos, provocada pelo afastamento em relação à restante comunidade, por dificuldades de relação e pela utilização de normas e valores diferentes dos que são utilizados na sociedade a qual pertencem.
A solidão é uma sensação subjetiva de vazio existencial, que está relacionada com a compreensão individual de cada pessoa, em relação à ausência de redes sociais e pessoas livres com quem compartilhar atividades e práticas que lhe possam proporcionar uma oportunidade de participar na vida social e de desenvolver relações afetivas.

O isolamento e a solidão entre os idosos encontra-se geralmente associada ao declínio das competências biológicas e emocionais próprias desta fase etária, que vão prejudicar a sua capacidade em estabelecer relações interpessoais, a patologias como depressão, ansiedade patológica, demências, artroses, problemas de coluna, entre outros, e a fatores sociais e demográficos, como a saída dos filhos da casa dos pais, a diminuição da receita disponível com a aposentação, a perda de contactos sociais, a vida conjugal, o género, a redução da rede social pela perda de amigos e pessoas próximas, a exclusão social pela pobreza e à imagem preconceituosa que se mantém na nossa sociedade em relação às pessoas idosas.

As características psicológicas e de personalidade também podem influenciar a autoestima da pessoa, a sua maneira de pensar, comunicar, proceder, interpretar a vida e relacionar-se com os outros.

Em geral, os idosos que vivem sós possuem uma visão negativa deles próprios, assim como da sociedade. São reservados e pouco comunicativos, interagem pouco com as outras pessoas, têm dificuldade em desenvolver relações íntimas, isolam-se e têm tendência a viver na solidão. Tendem a ter uma educação limitada, menor riqueza e a estarem mais sujeitos a doenças de coração, pulmonares crónicas, artrite, mobilidade reduzida e depressão.

Deste modo, será necessário que as famílias proporcionem um melhor auxílio à população idosa, como instituição que melhor conhece as necessidades dos seus membros, devendo prestar-lhe o apoio afetivo e instrumental, indispensável ao seu equilíbrio biopsicossocial e à sua ressocialização.

A solidariedade social das redes de suporte informal formadas por amigos, pessoas próximas e conhecidos constitui um aspeto fundamental, pelo apoio emocional e de alguma intimidade que podem prestar, contribuindo para a redução das situações de isolamento e solidão em que grande parte dos idosos se encontra nos nossos dias. A psicoterapia pode contribuir para um melhor ajustamento às mudanças relacionadas com o envelhecimento, à aceitação do estado de dependência em relação aos outros, ao aumento das suas competências para se expressar sobre as suas dificuldades, reduzindo a sensação de intranquilidade e melhorando o autoconceito que têm de si próprio e a autoestima.

Assim, poderá fazer uma melhor utilização dos seus recursos internos, passar a ter comportamentos mais ajustados à realidade e ao quotidiano, a desenvolver objetivos, que sejam possíveis de atingir, a tornar-se mais ativo e adquirir uma forma mais otimista de ver o futuro, a sua própria existência e a estar mais integrado na sua comunidade.

Nesse sentido, seria necessário também um tomar de consciência das pessoas para a problemática do envelhecimento e a formação de grupos de ajuda aos idosos, que vivem em situação de exclusão social.

*Cidadão
17 de Outubro de 2014 | 07:48
Sérgio Pardal*

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