quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Alcoolismo e exclusão social na velhice

Tribuna Livre
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Sergio Pardal
Podemos entender por o alcoolismo o consumo exagerado, incontrolável e progressivo no tempo de bebidas alcoólicas, as quais vão deteriorar a vida intima da pessoa, o bem estar emocional, as relações interpessoais, familiares e de uma maneira geral toda a sua vida em sociedade.
A principal característica da dependência do álcool é a existência de diversas perturbações exteriorizadas a nível intelectual, fisiológico, comportamental e nos permitem compreender se a pessoa continua a consumir esta substância, apesar das complicações associadas ao seu consumo. Na origem do consumo compulsivo desta substância estão envolvidos diversos fatores, antropológicos, sociais, económicos, genéticos, culturais, ambientais, entre outros.


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Nessa linha de ideias a exclusão social a que os idosos estão sujeitos devido à diminuição dos rendimentos pela reforma, à pobreza, ao isolamento, por problemas físicos e psíquicos, pela ausência de amigos e de pessoas próximas, ao abandono pelos seus familiares, aos preconceitos da nossa sociedade em relação a esta classe etária, às dificuldades em conseguir um acesso pleno a todos os direitos sociais e civis fundamentais para uma existência com qualidade de vida.

Estas condições poderão direta ou indiretamente contribuir para o alcoolismo nesta fase da vida, constituindo o seu consumo um refúgio para as condições de isolamento social e exclusão no qual se encontram pela sua condição de idosos, com todos as dificuldades associadas à velhice, como a solidão e a dor pelas inúmeras perdas sofridas durante toda a sua longa vida, ao sofrimento pela existência de uma doença incurável, à dificuldade de adaptação às mudanças, à angustia sentida por estar numa situação de dependência em relação aos outros.

A ingestão de bebidas alcoólicas permite ao idoso preencher o vazio criado por aqueles problemas para os quais não encontra solução, apesar das doenças incapacidades que estão associadas a utilização desta substancia tóxica, como o aumento das quedas e da ocorrência de fraturas na anca, violência doméstica, suicídios, doenças hepáticas, gastrite, anemia, diabetes, cardiovasculares, acidente vascular cerebral, cancro, aumento da incidência de doenças neurológicas (Alzheimer, Parkinson, Epilepsia) e a uma diminuição em geral das suas competências físicas e psíquicas.

Nesse sentido e por esta faixa etária ser marcada por uma maior vulnerabilidade, a doenças e incapacidades, seria necessário uma melhor informação das nossas comunidades, no sentido de prevenir o alcoolismo e a exclusão social.

Nessa perspetiva esta atitude permite um tratamento mais atempado e eficaz, aos múltiplos distúrbios físicos, psicológicos e sociais, que geralmente se consegue com a terapia médica, a administração de fármacos, a ajuda de um psicoterapeuta, a ocupação dos seus muitos tempos livres com atividades diversas e o apoio dos familiares, que pelo apoio afetivo disponibilizado possibilitam uma recuperação completa do idoso.

*Cidadão
3 de Outubro de 2014 | 11:29
Sérgio Pardal*

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